terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Procura-me vem-me buscar

"Procura-me e vem-me buscar,
Não me deixes sozinha,
Vem e vem-me abraçar,
Não sei o que tinha,
Nem tenho medo de ter de voltar a reconquistar.
Procura-me e vem-me buscar,
Não me deixes por aí perdida,
Algures por qualquer lugar,
Sou tudo o que se vê nos olhos de uma menina,
Algures, em qualquer lugar.
Procura-me e vem-me buscar,
Não me deixes cair,
Como fizeste às lágrimas com tanto pesar,
Como fizeste ao tempo que deixas-te partir,
E não tentas-te os cacos concertar.
Procura-me e vem-me buscar,
Para ao teu lado,
Para os teus braços,
Contigo para qualquer lugar."


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Café Quente

«Sento-me. Olho pela janela e a única coisa que consigo ver é o vidro embaciado. O frio do inverno arrepia-me e gela a ponta do nariz. E eu, abrigo-me no chávena de café bem quente.
Entre cada gole de café, penso sobre o quão triste é o inverno. As árvores despidas ficam sujeitas ao frio e à chuva, as pessoas trancam-se em casa e as poucas que se atrevem a sair, correm apressadamente entre cada pingo que cai, e o tempo cinzento traz ao cimo a má disposição das pessoas. No entanto eu gosto do inverno, do frio, da chuva... gosto de um bom livro e boas palavras na companhia de um café, uma manta e da lanha em chamas que solta leves ruídos. 
Gosto da frieza do inverno, por vezes vejo-me nele. Fria.
Mas é em alturas como estas em que me embrulho em mil e um cobertores e me enrolo neles. Até a pessoa mais fria precisa de ser aquecida.
Procuro o conforto entre entre a caneta de aparo velha presa à minha mão e a folha de papel amarrotada sobre os joelhos e rabisco... rabisco... rabisco... são só rabiscos.
São só rabiscos porque estou a procurar, aquilo que quero, no sitio errado. O que procuro?! Mil e uma coisas que nem eu mesma sei. Talvez o conforto de um abraço, a doçura de um beijo, o calor de um carinho, a intensidade de um sorriso ou uma voz apaziguadora. Não sei o que procuro nem onde procurar.
O inverno traz consigo um enorme tempestade, vento, chuva, trovões, relâmpagos... como eu percebo a sua revolta... A revolta de gritar e não conseguir, a revolta de querer chorar e não poder, a revolta de querer mudar de caminho e ter coragem.
Mas as tempestades, embora deixem vestígios de destruição por qualquer lugar que tenha passado, acabam sempre por passar.
O café está doce porque tem açúcar e só está quente porque foi aquecido, porém no seu estado natural é e sempre será amargo e frio, a menos que alguém faça algo o seu trave será sempre o mesmo bem como a sua temperatura...»

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Despeço-me de ti

«Fecho os olhos. Queria voltar a abri-los, mas quando os tenho fechados a realidade é tão diferente. 
É estranho olhar para trás e perceber que tanta coisa mudou. E é duro ter de o admitir! 
Queria ter tanta gente comigo, e no meio de tanta só tu importavas. E isso é duro. É duro porque hoje olho para ti e não te conheço. Não sei quem tu és. Não sei o que és para mim e isso só é duro. É duro porque não sei o que sou para ti, ou se algum dia fui algo para ti.
Não sei quantas cartas te escrevi e perdi a conta ás inúmeras despedidas. Talvez esta seja para sempre tal como todas as outras eram. É para sempre até um dia nos encontrar-mos e me ter de despedir mais uma vez.
Estou cansada. Custa-me admitir, mas estou.
Cansei-me dos pedidos de desculpa que fiz sem ter culpa, cansei-me de chorar por erros que não foram cometidos por mim, cansei-me de lutar por algo que nunca existiu.
Talvez esta despedida seja definitiva porque me cansei definitivamente e fiz a promessa de não de não voltar pedir desculpa, a promessa de não voltar chorar, a promessa de não deixar que o passado regresse.
Sei que estou a fazer o que está correcto. Sei que estou a fazer o melhor para mim. Sei que estou a fazer o que já devia ter feito há muito tempo. Sei que tu não te irás lembrar do meu nome. Sei que será algo demasiado difícil para mim mas algo extremamente fácil para ti. Mas isso não importa e cada um seguirá com o seu caminho.
Mas eu ainda não fui embora. Eu ainda estou aqui, presa a uma folha e amarrada ás palavras de despedida como desculpa para ficar mais um pouco contigo. Porque no fundo ainda tenho a esperança que as coisas mudem. Tenho esperança que me digas para ficar.Tenho esperança que digas que tens saudades minhas ou que precisas de mim. Eu sei. A esperança é venenosa e se não a mato serei morta por ela. Mas posso garantir que assim que acabar de escrever a ultima palavra desta carta de despedida, não saberás quem eu sou, nem eu saberei quem tu és.
Procuro, agora, a melhor forma de te dizer "adeus" sem que pelo meio haja um "até um dia". Talvez o melhor seja não dizer mais nada.
Chegou a hora de seguir o meu caminho... sem ti, uma memória escrita na minha vida...»