quarta-feira, 16 de abril de 2014

As palavras ditas pelo silêncio

«...Tu beijavas-me docemente, estávamos deitados um ao lado do outro debaixo de cobertores e lençóis, ao mesmo tempo que os nossos corpos se encontravam perdidos no calor causado por aquele sentimento tão forte capaz de soltar fagulhas, enquanto esquecíamos o mundo gélido que ficava para lá daquela janela.
Não existiam palavras soltas, havia apenas um silêncio vivo no nosso sorriso que se prolongava pelo olhar, as palavras ficavam presas, amarradas, nas mãos que não se soltavam, no olhar que não desviava, no sorriso que não desvanecia, nos gestos impedidos pelo forte bater do coração acelerado pela adrenalina daquele sentimento indomável.
Parecia que nada existia, não existia ninguém a gritar euforicamente na rua aos gritos, nem os carros a passar fazendo ruídos ensurdecedores, não existia o dia porém não existia a noite, não existia o tempo, não existia o som da chuva ou sequer o som do vento. Apenas existíamos nós, perdidos no tempo que não existia, unidos pelas mãos, amarrados ás palavras ditas que ficaram por falar, vagueando pelo o grande mundo de cada pequeno olhar, adormecidos num sentimento tão quente e tão caloroso que era o amor, num mundo tão gélido e tão cruel...»

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