sexta-feira, 14 de março de 2014

A Vista de uma Criança Sobre o Olhar de um Adulto

O tempo continuava a passar,
O tempo continuava a fugir,
Será que nele devo confiar?
Será que ele estará sempre a mentir?

O tempo passou,
E continuou a passar,
O tempo foi aquilo que algo matou,
O tempo é aquilo que faz matar.

Os sonhos desapareceram,
Os olhos deixaram de brilhar,
Os arrepios o meu corpo percorreram,
Enquanto estas palavras estou a rabiscar.

Como é possível eu alguém ser,
Alguém que já não consigo encontrar,
Alguém que já não se consegue reconhecer,
Alguém que apenas o passado quer recordar.

É querer não esquecer,
Que o tempo não continue a passar,
É desejar o futuro perder,
Para ao passado regressar.

É querer aquela criança encontrar,
Aquela criança que nada parecia temer,
A criança que tudo conseguia enfrentar,
A criança que tudo conseguia vencer.

O perdão começou-se a perder,
Segurança não consigo encontrar,
O medo consegue-me vencer,
E palavras não consigo soltar.

Agora é deixar a lágrima cair,
E ao passado desejar regressar,
É não se puder fugir,
Daquilo que se quer escapar.

Foi o lugar de uma criança,
Que a um adulto deu lugar,
Que perdeu toda a esperança,
Ao perceber o que era amar.

Como pode um adulto amar,
Se tanto em si consegue ter,
Como pode um adulto perdoar,
Sem o significado disso saber?

Só me resta ás memórias agarrar,
E no passado continuar a viver,
Só ele me faz continuar,
É lá que irei morrer.

No olhar daquela que foi uma criança,
Que não sabia o que a estava a esperar,
Aquela que hoje não tem esperança,
E que todos os dias com o passado volta a sonhar.

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