sábado, 28 de junho de 2014

Próprio Valor

«...É difícil viver num mundo as palavras não têm o seu próprio valor onde um «oi» é dito porque se o tem de dizer, onde um «está tudo bem?» é dito porque parece bem.
As palavras são muito mais do que aquilo que as pessoas fazem delas, olhamos á nossa volta e são poucos ou nenhuns aqueles que lutam contra isso ou realmente se importam.
Por isso falo pouco, atrás do meu silêncio estão as vezes que caí, que sofri, que me levantei sozinha, porque cada palavra dita era vazia, não tinha qualquer valor, cada palavra dita era uma mentira.
Como é possível alimentar uma vida com mentiras?
Por tudo isto, todas as noites deito-me a sorrir e adormeço agarrada a uma almofada onde deixo cair cada lagrima.
Este é o motivo que me faz calar, que me faz sofrer, o motivo que me obriga a esconder tudo o que sinto, é por isto que quando perguntam se está tudo bem respondo simplesmente que sim, pois mesmo que afirmasse o contrário nada iria mudar.
Escondo o passado, sofro em silêncio, vivo por cada palavra escrita, respiro por cada virgula, luto por cada reticência.
É por tudo isto que jamais algum dos meus textos terminará com um ponto final...»

Não É Um Simples Sentimento

«...O amor...o amor não é um simples sentimento, que nos prende, que nos amarra a alguém.
O amor é aquilo que nos faz perder entre palavras, entre outros tantos sentimentos, entre olhares. É aquilo que nos faz deslizar pelo sorriso da outra pessoa, que nos faz arrepiar a cada toque.
O amor é a saudade que me ataca durante a noite, é o desejo de adormecer todos os dias ao teu lado, é o medo que me arrasa ao pensar que o nosso presente poderá vir a ser apenas o nosso passado.
Todo medo que me assombra é insuportável, eu preciso dos teus beijos para sobreviver, da tua mão que me dá forças para lutar, preciso do teus abraços que me aquecem durante todas as noites gélidas do meu coração, eu preciso de ti, aqui ao meu lado.
Mas sabes o que dói? Estar no meio de uma multidão e sentir-me sozinha, saber onde estou e sentir-me perdida, estar a sorrir e só querer chorar.
Acima de tudo, dói  a incerteza de te beijar, de te abraçar, de dizer que te amo, a incerteza do que está certo e do que está errado, a incerteza de um futuro que pode não existir.
A única certeza são todas as palavras escritas ao mesmo tempo que todas as palavras parecem acabar, como se não houvesse mais nada a dizer, ou talvez haja... e eu sei que há... da mesma forma que sei que te amo, mas não sei como o expressar, não tenho jeito com palavras, por serem algo tão simples, conseguem ser tão complexas.
É por isso que amo escrever e odeio tudo o que escrevo.
As palavras parecem ser ocas, tão vazias tal como um ser  que é obrigado a sorrir e que mais tarde, perdido entre a escuridão da noite, deixa um rasto de gotas de água salgada de uma mar cujo o seu sofrimento é tão grande tanto quanto o seu tamanho.
As palavras são aquilo que jamais conseguirei dizer, apenas consigo atira-las para um papel, que com o tempo fica velho, amarelo, apagando cada letra nele registado, não passando disso, palavras, palavras escritas num papel que vai ficando velho e gasto pelo tempo, carregado de sabedoria, capaz de esquecer todas as palavras, todas as letras com a chegada de um futuro, que não consegue esperar, deixando para trás todo o passado, deixando todas as boas memórias num sonho perfeito, longe de todos os erros cometidos, longe de todas as lágrimas derramadas.
Um passado imperfeito que a poucos interessa, tal como os cortes, as lutas em vão, as quedas e tudo aquilo que nada mudou, mas um passado que fez de nós aquilo que somos hoje, um passado que juntou os nossos corações, amarrou as nossas mão e uniu os nossos lábios...»




sexta-feira, 27 de junho de 2014

Tempo


Vai com o vento,
Sem nunca mais regressar,
Foi tudo um momento,
Nada irá voltar.
Não interessa o que eu penso,
Isso nada irá mudar,
Nem um fim sem um começo,
Nem uma lágrima que caiu sem o olhar inundar.
Nem a dor que o corpo afogou,
Nem os cortes que fizeram sangue derramar,
Nem o sorriso que se enforcou,
Fizeram o mundo despertar.
O tempo não esperou,
Subiu as escadas sem esperar,
Levou consigo a vida de quem o amou,
Sem nada a ninguém perguntar.
Memórias esquecidas,
Que já não se podem conquistar,
São vidas perdidas,
Daqueles que não as sabem aproveitar.
Perder-me pelos caminho que de cor já sei,
Deixei de me magoar,
Não regresso ao mar onde me afoguei,
Nem pretendo lá voltar.
Com  sede de amor,
Acabei por me embebedar,
Caí num mundo sem pudor,
Que os nossos corpos decidiu juntar.
Não interessa o que irá acontecer,
Interessa o que se está a passar,
Os nossos corpos estão a ceder,
Agora é tarde demais para atrás voltar.





domingo, 22 de junho de 2014

Segunda carta para um amigo

«Oi, não pude deixar de ficar a pensar na nossa conversa. Eu confio nele e muito, caso contrário nem teria se quer posto a hipótese de voltarmos a namorar, mas eu sei que tu tens razão. Eu deveria confiar mais.
Tenho adiado coisas que já não dão para adiar, por isso tomei uma decisão.
Eu percebo tudo o que disseste, só não consigo aceitar o facto de teres teres dito que te ias afastar.
O problema sou eu, as coisas vão mudar brevemente, mas preciso de ti e peço-te por favor que não te afastes, tu sabes que é demasiado importante.
A confiança que eu tenho que ter a mais com ele, não deve ser maior do que a confiança que tenho com as outras pessoas só porque elas se afastaram, desse modo as coisas voltariam ao mesmo, é por isso que te peço para ficares, porque a tua presença é importante.
Há coisas que têm de mudar, eu sei disso, e que o amor não vive de segredos, mas as palavras que vamos usar e tudo isso precisa de ser pensado, afinal não existem nem palavras nem momentos perfeitos para se falar de algo tão mau.
Queria-te agradecer... a conversa que tivemos ajudou-me mesmo muito a decidir o que vou fazer.
Sei que há coisas que não podem ser esquecidas e não pudemos fugir delas durante muito tempo, tu ajudaste-me a desenterrá-las e a enfrentá-las... Obrigado, se dependesse de mim, se não fosse aquela conversa, tudo continuaria igual, nada mudaria. As coisas vão melhorar. Eu sei disso.
Depois de tudo isto preciso de te pedir uma coisa, não te afastes, por favor.

Desculpa»


quinta-feira, 12 de junho de 2014

Ao Teu Lado


«...Todas as noites, perco-me nos meu pensamentos e deixo-me levar por todos os meus sonhos.
Costumava adormecer enquanto imaginava-nos juntos, e connosco as nossas discussões, as nossas brincadeiras e tudo o que nos pudesse pertencer.
Nessas noites apenas queria adormecer, não precisava de acordar, somente queria ficar a viver num sonho que era tão perfeito.
Foi então que o medo me decidiu assaltar.
O que aconteceria se não conseguisse adormecer? o que aconteceria se não pudesse voltar a sonhar contigo? Ou o que aconteceria se simplesmente deixasse de sonhar?
Eu já não tinha esperança, não valia mais a pena lutar por algo que já tinha tido e que decidiu partir.
Restava agarrar-me ás memórias, agarrar-me áquilo que foi e já não era, agarrar-me ao passado e revive-lo como se fosse hoje.
Eu tinha desistido de lutar, e o que me mantinha viva era apenas sonhar.
Tinham-se acabado as palavras, os beijos, os abraços, o «nós» dividiu-se e dele sobrou um «eu e tu», dele restaram duas vidas a viverem os seus caminhos distintos sozinhos.
Prometi não voltar a amar. Aliás, prometi não amar, não sofrer, simplesmente prometi nem se quer sentir. Deste modo não me voltaria a desiludir nem a desiludir a ninguém.
Passaram-se meses, sobrevivia ao dia e quando as estrelas subiam, afogava-me na noite, até porque as lágrimas já não chegavam para isso, as lágrimas tinham-se esgotado, tal como a vontade de viver.
Não esperava nada, já nem sabia o significado disso.
De um momento para o outro o passado sorriu-me. Mas o que era isso? O que era sorrir?
Tinha voltado a sentir como também tinha regressado o enorme desejo de te agarrar, de te abraçar, de te dizer que tinha medo de ter perder, de te beijar, de te dar a mão e seguirmos juntos o nosso caminho.
Toda esse enorme sentimento tinha voltado a surgir com a tua pergunta. A pergunta que já tinha sido feita á muito tempo atrás juntamente com a promessa de que nunca me deixarias. Todo essa vontade tinha surgido depois de me perguntares se queria voltar a namorar contigo, e a tudo isto juntou-se ainda a minha incapacidade de falar por não saber o que responder.
Como seria ter de lutar novamente contra uma promessa que jamais seria cumprida? Como seria ter de lutar novamente contra o presente e fazer dele um passado que não interessa a ninguém?
Mas eu não conseguia viver na dúvida, «E se...» «Talvez»... eu precisava de voltar a sentir, eu precisava de viver, eu precisava de ti.
Eu precisava e continuo a precisar.
Hoje NÓS vivemos do presente, vivemos daquilo que somos, vivemos daquilo que sentimos.
Deixámos de viver das promessas que só existem para ser quebradas.
Nós vivemos do nosso amor.
Amor... aquilo que me ajudou a sobreviver, para hoje andar de mãos dadas contigo, estar sempre junto de ti e todas as manhãs acordar ao teu lado...»


terça-feira, 3 de junho de 2014

Reticências

«...Pensava que todo este medo e toda esta insegurança era devido ao nosso passado e que com o tempo iria passar, mas estava enganada.
Dou constantemente a questionar-me se me amarás mesmo e passo a noite ser desafiada por pensamentos que insistem em ficar dentro da minha cabeça fazendo-a girar em torno de uma resposta que pode nem se quer existir.
Apenas tenho certezas naquele momento, naquele momento em que me agarras por trás e me dizes docemente que me amas, naquele momento que me abraças tão forte como se tivesses medo de me perder, naqueles momentos em que estás distraído com as minhas mãos enquanto eu estou distraída a olhar para os teus olhos.
Sinto-me segura quando olhas para mim, sinto-me segura quando falamos ou quando estou contigo.
Mas quando penso em tudo o que passámos e estamos a passar, tenho medo, tenho medo de acordar e tudo isto não passar de um sonho, os abraços, as palavras, os beijos, as brincadeiras, os momentos, eu e tu, tu e eu, nós os dois juntos.
Por isso todas as noites tenho medo de adormecer, porque sei que no dia seguinte, ao acordar poderei ter de enfrentar uma realidade que poderá ser dolorosa.
Tenho medo de acordar todas as manhãs, depois de ter passado a noite anterior a pensar como seria a minha vida sem ti.
O vento sopraria da mesma forma? O sol iria brilhar tanto como nos outros dias que passei contigo e seria capaz de aquecer tão intensamente os corpos que vão desfilando pelas ruas? O brilho intenso dó sol refletido sobre o mar alguma vez mais seria igual? Como poderia o nascer e o pôr do sol terem o mesmo significado?
Porque eu te amo, muito mais do que possas ou consigas imaginar, eu jamais te conseguirei dizer que todos os dias vivo com um medo insuportável de te perder, que me persegue a cada instante, a cada segundo, e não consigo ponderar o facto de um dia ter de seguir o meu caminho longe de ti, sozinha.
Nunca conseguiria enfrentar um caminho sombrio, sem rumo, sem direção, sem certezas do que querer e sem nada saber.
Só há um caminho pelo qual eu quero andar, onde me quero perder sem nunca uma saída encontrar, onde o sol brilha intensamente refletindo-se sobre o mar, que estende o seu trave salgado pelas rochas que são como um ponto de partida para um horizonte sem fim.
Um caminho contigo, um caminho ao teu lado, não importam as quedas, os momentos ou se quer as palavras, interessam as virgulas que fazem a nossa história avançar e as reticências que não permitem que ela chegue ao fim...»