sábado, 28 de fevereiro de 2015

Desabafo

Não interessa por onde vou. Já me perdi. Perdi-me por aí, por aqui, por ali. Perdi-me algures, não sei ao certo onde nem quando.
Perdi-me pelas lembranças, pelos abraços e pelos sorrisos que foram esboçados.
Talvez me tenha perdido pela saudade.
A saudade... que sentimento indomável, selvagem, sentida por muitos de um modo quase desajeitado.
A verdade é que não tenho saudades daquilo que aconteceu, também as tenho daquilo que ficou por acontecer. Na verdade onde existe saudade existiu amor.
Mas de que serve a saudade? De que serve o amor? Porque nascemos se a nossa vida tem um fim?
Ás vezes as coisas são complicadas. Muito mais do alguém possa imaginar, afinal, cada um sabe da sua dor e eu sei da minha.
Não sei porque vem, não sei porque não vai.
Tenho saudade de um abraço apertado, de um abraço sincero, no fundo preciso do abraço que nunca tive.
Não consigo perceber como é que as pessoas vêm tanto enquanto não vêm nada.
Críticas, críticas e mais críticas, será disso que a vida é feita ou será disso que a fazemos?
Ás vezes não dá mais para fugir. O mundo cai sobre nós, o peito é esmagado por todo o sofrimento,
Mas nada disso interessa. No fundo nada interessa. Pois o que interessa não existe.
Fecho os olhos e sonho, sonho acordada e imagino uma história, um momento, um abraço, um beijo, um carinho. O que é tudo isto? O que é a verdade? O que sou eu?


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Esqueci-me de não amar

«Hoje não me interessa se as palavras são bonitas ou feias, doces ou amargas nem todos os são de sol e céu limpo.
Agora não é nem uma coisa nem outra, é de noite e o dia acabou, exatamente acabou. 
Ninguém fala como correu o dia, aliás poucos se lembram ou dão valor, tal como muitos se esquecem de amar quem os ama, ou talvez quem ama se esqueça de não amar.
Na verdade eu ainda amo, eu ainda sinto, ainda me preocupo, ainda me lembro de tudo, assim como não esqueço de que quem o faz, sofre. Sofre todos os dias ao confrontar-se com quem não o sabe fazer, sofre ao confrontar-se com a frieza de quem nunca amou, não foi amado e por isso tem medo de quem o possa amar.
É duro acordar e saber que todo o esforço que fizemos foi em vão e que tudo aquilo em que acreditamos na verdade nunca existiu, é duro acordar sem um objectivo, é duro acordar sem um propósito, mas mais duro é nem sequer acordarmos, mais duro é passar noites e noites seguidas sem conseguir adormecer enquanto as lágrimas vencem toda a frieza que temos com nós próprios e que não conseguimos ter para com outros, duro é de manhã levantar um corpo já totalmente destruído ser-se capaz de esboçar um sorriso para evitar perguntas, perguntas que muitas vezes são apenas de curiosidade, perguntas que muitas vezes são feitas por quem nunca notou a nossa presença.
Talvez o mundo esteja ao contrário ou demasiado certo para pessoas tão erradas.
O cansaço domina-me e o sono vai surgindo, no entanto não consigo adormecer, talvez pense demais, talvez seja esse o grande problema, penso em quem nunca perdeu um segundo a pensar em mim, amo que nunca amou, preocupo-me com quem nunca se preocupou... no fundo ponho na minha vida todos aqueles que nem sequer ponderaram deixar-me fazer parte da sua.
Hoje com uns traços rabiscados e um pouco sem jeito escrevo, enquanto me vou afastando á procura de um sorriso sincero, de um amor verdadeiro, no fundo á procura daqueles que como eu ainda se lembram de amar ou se esquecem de não o fazer, procuro aqueles que procuram o sentimento mesmo que seja doloroso. Afinal, o sofrimento é o sentimento mais puro e mais sincero, por algum motivo que ama sofre...»




domingo, 8 de fevereiro de 2015

Encontrei-me perdida em ti

«Ás vezes pergunto-me porque tenho de estar sempre bem, porque tenho eu, sempre de sorrir.
Não me pode apenas apetecer ficar calada, sem soltar uma unica palavra, não me pode apetecer chorar mesmo sem qualquer motivo?
Na verdade sinto-me vazia, sinto-me perdida, não sei por onde ir, com quem ir, quem eu sou... ou talvez saiba... não sei...
Quero dizer tanta coisa e ao mesmo tempo estar calada... no meio de tantas incertezas já não sei o que é certo. Será isso possível?
Não sei se faço "isto" ou "aquilo" não sei quem sou, não sei se sou aquela pessoa que á noite abraça a almofada e chora, chora porque não fez, não faz, nem fará, não sei se serei aquela pessoa que sonha, porque não me lembro de sonhar. 
Ás vezes não existe só aquela vontade de deixar uma palavra pendurada, ás vezes existe a vontade deixar de escrever.
Não sei para quem escrevo, talvez escreva para mim, porque as palavras escritas jamais poderão ser sentidas da mesma forma por pessoas diferentes.
O frio congela-me as mãos, faz-me doer os dedos, faz-me perder a força para fazer aquilo que me mantém viva, mas eu não deixo esse sofrimento vencer, deixo apenas aquele sofrimento causado pela dor de escrever, será que vivo pelo sofrimento ou por cada palavra que escrevo?
As respostas que nunca encontrei ficam perdidas pelo caminho, não sei se preciso delas para sorrir, para saber quem sou, para acabar com cada gota de sangue derramada por mim, borrando palavras, palavras tão puras que leva a que ninguém perceba os sentimentos escondidos atrás delas, na verdade não estão escondidos, estão ao alcance de todos, porém muitos só vêm aquilo que querem ver, muitos só entendem aquilo que querem entender, porque muitos não aceitam aquilo que são.
Passo após passo, não sei para onde vou. Por enquanto não procuro respostas, procuro um porto-de-abrigo, um abraço, um beijo, procuro um sitio no meio dos teus braços, que me envolva, que me aqueça, que me proteja, procuro a sinceridade de um beijo que não houve nem foi sentido, procuro um amor que morreu mesmo antes de nascer, procuro por ti, procuro por alguém que tanto significou para mim mas que no entanto nada signifiquei, procuro por um lugar ao teu lado.
Sei que um dia tu irás partir, se já não o tiveres feito, e as únicas coisas que de ti irão sobrar, serão o teu perfume, o teu sorriso, depois de partires sobrará apenas o sentimento que despertas-te em mim e as respostas que ficaram desaparecidas quando tu apareceste, quando tu partires, nem eu restarei, pois no meio de tantas incertezas, a unica certeza que ficará, será uma rapariga que se encontrou á procura de quem a fez perder-se, quem a fez perder-se á procura da felicidade que só consegui encontrar enquanto estava perdida, perdida naquele sorriso, naquele olhar, naquele perfume, que só conseguiu encontrar-se quando estava perdida ao encontrar-se nele, que só me consegui encontrar quando te encontrei e em ti me perdi...»











segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Uma desculpa pela culpa de amar

«Não sei por onde começar, o que escrever ou que palavras usar.
Houve tantas palavras entre nós como momentos de silêncio, palavras que fizeram rir e momentos de silêncio que deixaram saudade onde se impõe o medo, medo de que um dia descubra que nada disto aconteceu, que tudo isto, que nós definimos como realidade, não exista ou pura e simplesmente não o seja.
O meu medo não se trata daquilo que é ou não a realidade, o meu medo trata-se de te perder, os nossos momentos, as nossas brincadeiras, a nossa confiança, a nossa cumplicidade, as nossas palavras.
«E se tudo isto acabar, o que será de mim?»
Eu tal como tu não sei o meu propósito aqui, porém, entre as nossas conversas acredito que sejas tu.
Disseste que a preocupação era uma desculpa  que todos nós usamos para nos sentirmos mal. É assim que me sinto mal, porém não é uma desculpa, é a realidade, pelo menos aquela que a definimos como tal.
Acredito que a preocupação faz parte, quando amamos verdadeiramente alguém ao ponto de não deixarmos que os nossos sentimentos e emoções sejam manipulados. Entre tantas palavras que dissemos um ao outro é isso que sinto.
Talvez esta seja uma desculpa á qual todos nós recorremos, talvez seja a desculpa me que mantém viva, com o propósito de certificar-me de estarás sempre bem.
Exato talvez, tenhas um pouco de razão, talvez toda a preocupação seja uma desculpa, uma desculpa pela culpa de amar.
Agora talvez me deva perguntar o que é amar e o que realmente a culpa...»

Porque de uma forma ou de outra eu amava-te

«Há dias que não me apetece fazer nada, nem ouvir, nem sorrir, nem ver, nem sentir... Seria deste modo possível eu viver? O que é que é afinal viver? O que é a vida?
Não é só a minha dor, não é só a tua, não é só a nossa.
Somos tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes, falamos da mesma coisa ao mesmo tempo que falamos de coisas completamente diferentes. Poderá isto ter algum significado? Eu sei que sim, eu acredito, afinal temos de em algo para que no fim algo faça sentido, para que no fim alguma coisa valha a pena.
Talvez estejamos presos á rotina, mas eu sei que nós ainda não desistimos de nos libertar, haveria outra razão pela qual ainda rimos juntos, que damos as mãos e inevitavelmente cuidamos um do outro? Eu não sei, tu não sabes, ninguém sabe, porém só nós sabemos, reconhecemos que todos vivem obcecados por algo esquecendo-se de viver. Onde ficam os sentimentos?
Passaram-se conversas e meias palavras. Nós conhecemo-nos, agora não existem meias palavras, meios termos, existe um tudo ou nada, um sim ou não, porque nós não somos ou isto ou aquilo, nós somos quem somos. No entanto «todos mentem ou têm algo a esconder» eu não sou excepção, tu também não.
Por mais mais absurdo que seja, pois tudo isto pode não passar de um mentira, eu confio em ti, porque embora existam mentiras, existe uma verdade, uma verdade em comum, eu fujo e tu escondes, mas ambos sentimos, sentimos que nos tiraram os tapete que estávamos a pisar e agora procuramos uma razão pela qual viver. 
Já sei nada que me possam tirar tropecei nas nossas palavras. Que valor elas terão afinal? Talvez mais do que algum dia pudesse ter imaginado. Hoje agarro-me a elas com a promessa de que olharei sempre por ti, com o sonho de te fazer te fazer alguém feliz, com um desejo de um abraço longo e demorado, para que no fim algo faça sentido, para que no fim alguma coisa valha a pena, para que no fim eu possa dizer:
-Dei-te tudo, mesmo aquilo que nunca tive, porque de uma forma ou de outra eras tu quem davas sentido á minha vida, porque de uma forma ou de outra eu amava-te  e nunca iria ficar contigo...»