domingo, 10 de agosto de 2014

Sem Quaisquer Condições

«Entre um gole de café e cada fagulha solta pelo o lume, sinto-me aqui, assim, protegida, como se nada pudesse acontecer e aos poucos vão-se libertando os pensamentos, aqueles que me fizeram ficar perdida no tempo durante horas, aqueles que me soltavam sorrisos ao mesmo tempo que outros assaltavam os meus olhos e faziam escorregar lágrimas, mas acima de tudo aqueles que caíam na saudade e permaneciam a cada segundo num coração agora aquecido pelo café quente e pelo lume que fazia a lenha velha estalar, que aos poucos se ia tornando em pouco mais que cinzas.
Pensamentos, no fundo eram esses que me alimentavam e que ao mesmo tempo me destruíam, que me gelavam e ao mesmo tempo que me aqueciam, eram eles que me mantinham viva e ao mesmo tempo me matavam. Pensamentos que, não passavam disso mesmo, meros pensamentos.
Mas tudo aquilo que era, hoje não é. Tudo o que foi fica no passado, e não passarão de memórias, memórias de erros e de quedas que me tornaram mais forte, me ensinaram a perceber quem é apenas mais alguém é quem é alguém.
Talvez não esteja a escrever da melhor maneira, porque estás presente no meu passado, tu foste, tu és, e com certeza sempre serás.
Tu és o café e o lume que me aquecem, a manta que me faz sentir protegida, como nunca ninguém se atreveu a fazê-lo, alguém que me ouviu, alguém que com as suas palavras acalmou o meu mundo e não deixou que ele desaba-se, alguém que em cada palavra, gesto ou atitude está apenas serenidade, alguém que quando falo parece nada mais existir, nem mesmo ''esse alguém'' é como se fosse apenas um anjo, que sem um motivo, sem um porquê, que num momento de tempestade onde onde mar me ia engolir, se atravessou á frente e me cobriu com as suas asas, com a promessa de que nada de mal iria acontecer.
Alguém que me aceitou, alguém de quem eu não soltarei as minha mãos, com a promessa de que todos os dias olharei por ele, sem quaisquer condições...»

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