terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Procura-me vem-me buscar

"Procura-me e vem-me buscar,
Não me deixes sozinha,
Vem e vem-me abraçar,
Não sei o que tinha,
Nem tenho medo de ter de voltar a reconquistar.
Procura-me e vem-me buscar,
Não me deixes por aí perdida,
Algures por qualquer lugar,
Sou tudo o que se vê nos olhos de uma menina,
Algures, em qualquer lugar.
Procura-me e vem-me buscar,
Não me deixes cair,
Como fizeste às lágrimas com tanto pesar,
Como fizeste ao tempo que deixas-te partir,
E não tentas-te os cacos concertar.
Procura-me e vem-me buscar,
Para ao teu lado,
Para os teus braços,
Contigo para qualquer lugar."


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Café Quente

«Sento-me. Olho pela janela e a única coisa que consigo ver é o vidro embaciado. O frio do inverno arrepia-me e gela a ponta do nariz. E eu, abrigo-me no chávena de café bem quente.
Entre cada gole de café, penso sobre o quão triste é o inverno. As árvores despidas ficam sujeitas ao frio e à chuva, as pessoas trancam-se em casa e as poucas que se atrevem a sair, correm apressadamente entre cada pingo que cai, e o tempo cinzento traz ao cimo a má disposição das pessoas. No entanto eu gosto do inverno, do frio, da chuva... gosto de um bom livro e boas palavras na companhia de um café, uma manta e da lanha em chamas que solta leves ruídos. 
Gosto da frieza do inverno, por vezes vejo-me nele. Fria.
Mas é em alturas como estas em que me embrulho em mil e um cobertores e me enrolo neles. Até a pessoa mais fria precisa de ser aquecida.
Procuro o conforto entre entre a caneta de aparo velha presa à minha mão e a folha de papel amarrotada sobre os joelhos e rabisco... rabisco... rabisco... são só rabiscos.
São só rabiscos porque estou a procurar, aquilo que quero, no sitio errado. O que procuro?! Mil e uma coisas que nem eu mesma sei. Talvez o conforto de um abraço, a doçura de um beijo, o calor de um carinho, a intensidade de um sorriso ou uma voz apaziguadora. Não sei o que procuro nem onde procurar.
O inverno traz consigo um enorme tempestade, vento, chuva, trovões, relâmpagos... como eu percebo a sua revolta... A revolta de gritar e não conseguir, a revolta de querer chorar e não poder, a revolta de querer mudar de caminho e ter coragem.
Mas as tempestades, embora deixem vestígios de destruição por qualquer lugar que tenha passado, acabam sempre por passar.
O café está doce porque tem açúcar e só está quente porque foi aquecido, porém no seu estado natural é e sempre será amargo e frio, a menos que alguém faça algo o seu trave será sempre o mesmo bem como a sua temperatura...»

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Despeço-me de ti

«Fecho os olhos. Queria voltar a abri-los, mas quando os tenho fechados a realidade é tão diferente. 
É estranho olhar para trás e perceber que tanta coisa mudou. E é duro ter de o admitir! 
Queria ter tanta gente comigo, e no meio de tanta só tu importavas. E isso é duro. É duro porque hoje olho para ti e não te conheço. Não sei quem tu és. Não sei o que és para mim e isso só é duro. É duro porque não sei o que sou para ti, ou se algum dia fui algo para ti.
Não sei quantas cartas te escrevi e perdi a conta ás inúmeras despedidas. Talvez esta seja para sempre tal como todas as outras eram. É para sempre até um dia nos encontrar-mos e me ter de despedir mais uma vez.
Estou cansada. Custa-me admitir, mas estou.
Cansei-me dos pedidos de desculpa que fiz sem ter culpa, cansei-me de chorar por erros que não foram cometidos por mim, cansei-me de lutar por algo que nunca existiu.
Talvez esta despedida seja definitiva porque me cansei definitivamente e fiz a promessa de não de não voltar pedir desculpa, a promessa de não voltar chorar, a promessa de não deixar que o passado regresse.
Sei que estou a fazer o que está correcto. Sei que estou a fazer o melhor para mim. Sei que estou a fazer o que já devia ter feito há muito tempo. Sei que tu não te irás lembrar do meu nome. Sei que será algo demasiado difícil para mim mas algo extremamente fácil para ti. Mas isso não importa e cada um seguirá com o seu caminho.
Mas eu ainda não fui embora. Eu ainda estou aqui, presa a uma folha e amarrada ás palavras de despedida como desculpa para ficar mais um pouco contigo. Porque no fundo ainda tenho a esperança que as coisas mudem. Tenho esperança que me digas para ficar.Tenho esperança que digas que tens saudades minhas ou que precisas de mim. Eu sei. A esperança é venenosa e se não a mato serei morta por ela. Mas posso garantir que assim que acabar de escrever a ultima palavra desta carta de despedida, não saberás quem eu sou, nem eu saberei quem tu és.
Procuro, agora, a melhor forma de te dizer "adeus" sem que pelo meio haja um "até um dia". Talvez o melhor seja não dizer mais nada.
Chegou a hora de seguir o meu caminho... sem ti, uma memória escrita na minha vida...»

domingo, 18 de outubro de 2015

Em Camas Separadas

«Deixa-me ir ter contigo. Não sei por onde andei todo este tempo. Como é possível só agora, tanto tempo depois, surgir tanto sentimento? Não sei como lidar com todos eles. Talvez esteja a haver uma revolução ou uma guerra dentro de mim, que nem eu mesma consigo controlar.
Escrevo e risco e não passa mais disto. Como é suposto lidar com algo que não conheço?
Será que me conheço e sei por onde vou? A noite passada adormeci a pensar em ti e hoje... acordei ao teu lado, de mãos dadas e com um beijo de bom dia. Não sei como vim aqui parar.
Acho que perdi o controlo de mim mesma. Deixei de mandar em mim e todo o que sinto, agora, domina-me. 
Talvez me tenhas feito perder todos os medos. A meio da noite acordo levanto-me e mesmo com roupa de dormir saio à rua,  respiro o ar frio da madrugada junto com o aroma da chuva enquanto o frio percorre todo o meu corpo, espinha acima, e arrepio-me. Tudo aquilo está a acontecer. É real. Eu estou ali. E sem medos avanço. Não tenho medo do que deixo para trás nem do que possa vir a encontrar à frente, é contigo que quero estar.
Não sei que horas são... talvez seja apenas meia noite ou uma da manhã ou três ou quatro... não sei... nem isso importa.
Penso num misto de coisas, sem conseguir pensar em algo concreto, sem conseguir pensar racionalmente.
Perco o pouco jeito que tenho com as palavras, perco o pouco jeito que tenho para falar. Mas isso agora de nada vale, nenhuma palavra seria capaz de descrever o sentimento num todo.
Num gesto irracional, não fico parada, ando pelas ruas geladas descalça. Nada me faz parar. 
Vou ter contigo. Dispo a roupa encharcada e deito-me ao teu lado. Ficamos abraçados e trocamos alguns beijos. Sinto a tua pele encostada à minha e todo o meu corpo a arrepiar-se como reacção aos teus beijos no meu pescoço e eu não resisto, solto o leve gemido, as minhas mãos descontroladas marcam um pouco as tuas costas e tu puxas-me mais ainda para junto de ti.
Apenas a chuva acompanhava a noite solitária, agora, também os nossos corpos a acompanham.
O dia nasce e nós acordamos tão juntos e tão unidos, mais do que alguma vez tivemos, em camas tão separadas mas com corações tão unidos...»

domingo, 23 de agosto de 2015

Marinheiro Naufragado

«Tentei o rumo mudar,
Mas o barco não chegou a sair do cais,
De nada iria adiantar,
Não sei por onde vou,
Não sei por onde vais.
E tudo que se passou?
E tudo o que ficou por se passar?
Onde ficou o marinheiro que naufragou
Que acabou por não regressar?
Onde está o fogo que se ateou
Que ao mar foi lançado?
O que é que não regressou?
O que é que ficou no passado?
Eu não quero ser o que já não sou,
Hoje sou um corpo nu e desamparado.
Agarra-me esta noite,
No teu jeito,
Mesmo que num jeito desajeitado.
Percorre o meu peito,
Meio despido,
Meio excitado,
Meio vendido
A um marinheiro naufragado.
Pobre marinheiro perdido,
Cheio de marcas do seu passado,

Que á vida não sabe regressar,
Que se alimenta do mar salgado,

Que a sua morte não soube perdoar.
Que o seu passado não perdoou.

Afinal quem ama a dor de viver,
Quando a morte já os assaltou?

Só tu procuras o prazer,
Para esquecer a morte que desde sempre te assombrou.

Eu faço-te mais uma vez viver,
E vais embora pelo caminho

Que um raio de sol iluminou,
Sem saber o rumo ou o destino,
Apenas com a certeza que hoje foi o dia de ontem que regressou.»



domingo, 3 de maio de 2015

Marcas do Passado

«Não quero ser assim... eu não quero ser assim... mas haverá outra forma de eu não ser aquilo que sou e continuar a ser eu mesma?
Todos os dias adormeço com esta pergunta a atormentar-me e acordo exatamente da mesma forma.
As lágrimas de pouco ou até mesmo nada servem. Por vezes sufoco, não consigo falar, a vontade de chorar invade-me mas a minha fraqueza não me permite faze-lo, porém quando chega a noite, a covardia assalta-me, o medo aterroriza-me e, entre o sofrimento e a almofada, soltam-se as lágrimas pela vergonha que sinto.
Dói não saber quem sou. Dói não saber onde estou. Dói. Mas mais que tudo isto, dói sermos consumidos por algo que nos vai matando lentamente... silenciosamente... secretamente.
Dói porque é uma dor que não é partilhada, muito pelo contrário. É uma dor que é escondida, por vergonha, por medo, mas sobretudo por incompreensão.
A dor dói e todos sabemos disso.
Não é preciso saber-se o motivo que nos causa dor e todos os motivos escondidos atrás dela. É preciso um abraço sincero e caloroso que nos envolva e nos faça, por uns instantes, acreditar que está tudo bem ou que, pelo menos, tudo irá melhorar. É preciso um beijo na testa como que a dizer que não estamos sozinhos. É preciso uma mão dada num gesto de quem pretende dizer que estará «ali» para o que der e vier. É preciso alguém que esteja disposto a ouvir, secar as nossas lágrimas, partilhar da nossa dor. É preciso alguém que não nos deixe á primeira dificuldade que encontra. É preciso alguém que nos ame e nos faça sentir amados... sentir amados... O que será isso? Tantos abraços, tantos beijos... tanto... tanto... e tanto em vão... como se fossem ocos... no fundo sem qualquer valor, sem qualquer verdade... sem qualquer sentimento. O vazio e a indiferença também doem.
A verdade é que o tempo não cura tudo. Na verdade com o tempo nem sempre o sofrimento vai sendo menor. Na verdade o tempo não vale nada sozinho.
O tempo não cura as feridas, o tempo infecta-as e fá-las sangrar mais uma e outra vez. Ás vezes é preciso alguém que esteja disposto a tratar dessa ferida. Ás vezes é preciso alguém que aceite todas as nossas cicatrizes. Porque quando se aceita alguém, aceita-se também as suas marcas, aceita-se o seu passado...»

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Algum dia haveremos de ter um começo?

«Não posso olhar para trás nem tão pouco voltar. Não seria justo se o fizesse. Mas eu quero, eu preciso.
Mais uma vez adormeço.
Tu abraças-me. Os teus braços envolvem-me e aquecem-me, neles sinto-me aconchegada e protegida. A tua cabeça está próxima da minha. Sinto a tua respiração, que inevitavelmente atinge o meu pescoço causando-me um arrepio. Não resmungo, solto apenas um leve suspiro e aninho-me o mais que consigo entre os teus braços.
Agora sinto-me protegida. Não quero que nada mude. Quero apenas continuar assim. Quero estar enroscada nos teus braços, arrepiada pela tua respiração... quero... quero... quero ficar assim contigo.
Acordo num sobressalto. 
Nada disto é verdade. É apenas um sonho, um sonho cruel. Um sonho cruel porque todos os sonhos têm um fim, e este já acabou.
Desabo em lágrimas.
Aqueles braços calorosos que me cercavam fazendo-me sentir segura e protegida nunca existiram. O ruido da tua respiração na verdade nunca foi ouvido. A tua respiração nunca me causou arrepios. Tudo isto não aconteceu.Tudo isto não passou de um sonho. De um sonho...
Eu choro. Não encontro outra forma de atenuar toda esta dor. Choro em silêncio, como em tantas outras noites, como em tantas outras vezes o fiz. E sei que o voltarei a fazer.
Escondo-me por baixo dos cobertores e abraço a almofada. Tento abafar os soluços incontroláveis do meu choro por uns momentos, mas é impossível, aquilo que seriam apenas uns momentos são mais do que isso, são mais do que uma ou duas horas, são noites inteiras. 
Depois de tudo isto volto a adormecer. Como sempre volto a adormecer. O cansaço trava as minhas lágrimas, fecha-me lentamente os olhos e por fim lança-me para um sono profundo acordando apenas no dia seguinte.
Não me questiono porque tens de ser tu. Sei que se não fosses tu seria outro alguém. As perguntas surgem no sono profundo, que por mais que tente, não me permite despertar. Não pergunto "porquê", mas pergunto-me se algum dia teremos um fim. No fundo o que quero perguntar é: 
-Algum dia haveremos de ter um começo...?»

segunda-feira, 30 de março de 2015

Mulher que é mulher

«Vem doce e suavemente,
Sem intenções de ficar,
Mas fica e mata cegamente,
Aqueles que com o fogo costumam brincar.
Aquece e desaquece,
Como também pode queimar,
Surge do nada e enlouquece,
Veio por vir mas acabou por ficar.
Vem num gesto de quem quer brincadeira,
Mas não se deixa apanhar,
Isto é coisa séria,
Impossível de controlar.
Vem,
Vai e vem sem avisar,
Chega aqui,
Chega além,
Não há sitio por onde se possa escapar.
Vem e amarra,
Vem para prender,
Torna uma mulher apaixonada
E outra vida aprende a viver.
Mulher aprende a ser amanda,
Mulher aprende a vencer,
Mulher é guerreira numa batalha,
Mulher é mulher até morrer,

Porém quando a guerra é com o amor,
Essa guerra não vale nada,
Que venha a dor, que venha o sofrimento,
Que para a mulher  será sempre uma guerra ganha,
Que pelo tão nobre sentimento,
Mulher que é mulher,
É uma mulher honrada.»

Quem já não é o que foi

«Ás vezes escrever torna-se um vício.
Chegam palavras atrás de palavras que não podem ser caladas ou adormecidas.
Que escritor seria capaz de embarcar num sono profundo quando as suas mãos anseiam por embarcar sobre uma leve folha, deixando salpicos de tinta?
Não é só um borrão, não, não são só palavras, não é só aquilo que todos pensam ser.
Um escritor não escreve só sobre aquilo que lhe vai na alma. Escritor que é escritor também escreve sobre nada.
O que muitos dizem ser nada, para um escritor é muito, e não há quem dê mais valor a isto do que o próprio.
O café adormece o sono permitindo um olhar mais atento sobre o lápis, que rabisca a folha lenta e delicadamente, sentido aquilo que outros jamais sentirão.
Ninguém escreve direito, ninguém alcança a perfeição de uma palavra, uma perfeição que não permite á mão uma unica tentativa.
O efeito do café mais cedo ou mais tarde acaba e os olhos fecham, o cansaço vence e o corpo cai sobre a mesa onde permanece a folha onde se fazem notar as palavras rabiscadas com a caligrafia de quem já não é o que foi.
Agora descanso, sem pressa e sem hora para acordar.
Tudo muda mas este medo da mudança nunca irá mudar.
Hoje a folha é esta e as palavras estão escritas. O que farei amanhã quando acordar e perceber que irá ser tudo igual?? O que farei amanhã quando acordar e perceber que o esforço do café foi em vão? O que farei quando acordar á tua procura e perceber que todos os dias que lutei por ti foram em vão?
Talvez escreva novamente ou talvez, quem sabe, guardarei uma folha em branco na minha gaveta, na minha vida, na esperança de um dia escrever a nossa história, mesmo que não seja a realidade.
Um verdadeiro escritor sabe que a vida não precisa de ser uma realidade, pode ser apenas um sonho que nos alimenta e nos mantém vivos...»

Lutar por uma certeza

«Onde procuro a inspiração? Não sei. Não sei onde vou buscar cada palavra, não sei de onde provém cada sentimento, embora não procure respostas ás perguntas que por vezes faço a mim mesma.
Dou um passo, dou mais outro e outro... Não conheço a direção pela qual caminho. Talvez caminhe em direção ao precipício na tentativa de cair sobre um sonho já há tanto perdido.
Nunca pensei em voltar ao passado, muito menos para reviver momentos ou sentimentos que julgava estarem extintos. 
Faço agora a primeira pergunta ao fim de tantas palavras rabiscadas: Porquê. É a pergunta que agora faço. Porquê este regresso ao passado?
Escrevo tanto sobre ele, sinto saudades. Sinto saudades de ser quem era. Agora procuro-me onde me perdi na esperança de me encontrar onde outrora me encontrei, aqui ou ali... No fundo talvez isso não interesse, no fundo o que interessa é com quem, e quem sabe talvez sejas tu.
Talvez a resposta que eu procuro esteja onde me encontrei. Talvez a resposta sejas tu mesmo. Talvez o porquê de todas estas palavras seja devido ao desejo de te encontrar mesmo antes de me perder, na esperança de que um dia me perca, mas de uma outra forma, de forma a prender o meu olhar com o teu, de prender as minhas mãos ás tuas, de prender os meu lábios aos teus.
Talvez esteja perdida por aquilo que não é a realidade. Talvez esteja perdida por um caso já há muito morto. Talvez lute por algo que nunca existiu, mas no meio de tantas incertezas, uma certeza eu tenho, estou a lutar por alguém que existe, estou a lutar porque amo, estou a lutar por uma certeza...»

domingo, 29 de março de 2015

Esse nada que tudo acabou por ser

«Palavras ditas que ficaram por dizer,
Ficaram trancadas?
Não sei responder.
Malditas palavras desajeitadas
Que não consigo vencer.
Tento ver as horas,
Mas as horas não consigo ver,
O tempo não pára,
Não posso deixar o tempo vencer.
Onde ficaram as palavras,
As palavras que quero, 
Mas não consigo dizer?
Sinto a tua a falta,
Como, nem eu consigo perceber,

Ainda não partiste,
Mas já estou a morrer.
Não sei que palavras usar,
Não sei o que dizer,
Não quero que vás,
Não te quero deixar,
Não te quero perder.
Mas eu não posso falar,
Tu não irias entender,
Tu atrás não irias voltar,

Tu nunca irias ceder.
Não sei porque continuo a escrever,
Talvez seja o que me permita sonhar,
Talvez seja o que permita viver,
Talvez seja porque me faz de tanta coisa recordar.
Talvez seja pelo medo ridículo de ao meu lado te deixar de ter.
Sei que não é isso que me está a amedrontar.
Tenho medo de que,
Um pouco de ti quando acordar,
Aos poucos comece desaparecer.
Não fomos nem somos nada,
Mas foi esse nada que tudo acabou por ser.»



segunda-feira, 9 de março de 2015

Deixa-me abraçar-te

«Deixa-me abraçar-te.
Deixa-me abraçar-te e perder-me algures por ti.
Quem sabe se os nossos lábios não se perderão juntos e as nossas mãos se encontrarão unidas.
Deixa-me ser quem eu sou e ao mesmo tempo quem eu nunca fui.
Deixa-me perder além de onde algum dia fui,
Mesmo sem algum dia o caminho voltar encontrar.
Deixa-me perder.
Deixa-me partir,
Mesmo havendo algo mais que uma simples aposta por apostar.
Peço apenas para te abraçar.
Deixa-me abraçar-te.
Preciso do teu abraço.
Preciso de um abraço que me faça ficar.
Preciso de um abraço que não me deixe partir.
Talvez eu não queira ir.
Eu não quero ir.
Talvez quero que digas,
Aquilo que sempre quis ouvir.
Ao abraçar-te quero que não mintas
Nem tão pouco uma saída para fugir.
Se eu for não irei voltar.
Por favor não me deixes ir.
Faz-me ficar,
Faz-me sorrir.
Deixa-me este jogo de palavras e atrevimentos ganhar.
Abraça-me.
Vem-me abraçar.
E se hoje for o meu dia de ir,
Vem e abraça-me mais uma vez,
E diz-me ao ouvido,
Num gesto de quem tem algo a esconder,
Que se eu for,
Comigo irás partir.»



sábado, 28 de fevereiro de 2015

Desabafo

Não interessa por onde vou. Já me perdi. Perdi-me por aí, por aqui, por ali. Perdi-me algures, não sei ao certo onde nem quando.
Perdi-me pelas lembranças, pelos abraços e pelos sorrisos que foram esboçados.
Talvez me tenha perdido pela saudade.
A saudade... que sentimento indomável, selvagem, sentida por muitos de um modo quase desajeitado.
A verdade é que não tenho saudades daquilo que aconteceu, também as tenho daquilo que ficou por acontecer. Na verdade onde existe saudade existiu amor.
Mas de que serve a saudade? De que serve o amor? Porque nascemos se a nossa vida tem um fim?
Ás vezes as coisas são complicadas. Muito mais do alguém possa imaginar, afinal, cada um sabe da sua dor e eu sei da minha.
Não sei porque vem, não sei porque não vai.
Tenho saudade de um abraço apertado, de um abraço sincero, no fundo preciso do abraço que nunca tive.
Não consigo perceber como é que as pessoas vêm tanto enquanto não vêm nada.
Críticas, críticas e mais críticas, será disso que a vida é feita ou será disso que a fazemos?
Ás vezes não dá mais para fugir. O mundo cai sobre nós, o peito é esmagado por todo o sofrimento,
Mas nada disso interessa. No fundo nada interessa. Pois o que interessa não existe.
Fecho os olhos e sonho, sonho acordada e imagino uma história, um momento, um abraço, um beijo, um carinho. O que é tudo isto? O que é a verdade? O que sou eu?


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Esqueci-me de não amar

«Hoje não me interessa se as palavras são bonitas ou feias, doces ou amargas nem todos os são de sol e céu limpo.
Agora não é nem uma coisa nem outra, é de noite e o dia acabou, exatamente acabou. 
Ninguém fala como correu o dia, aliás poucos se lembram ou dão valor, tal como muitos se esquecem de amar quem os ama, ou talvez quem ama se esqueça de não amar.
Na verdade eu ainda amo, eu ainda sinto, ainda me preocupo, ainda me lembro de tudo, assim como não esqueço de que quem o faz, sofre. Sofre todos os dias ao confrontar-se com quem não o sabe fazer, sofre ao confrontar-se com a frieza de quem nunca amou, não foi amado e por isso tem medo de quem o possa amar.
É duro acordar e saber que todo o esforço que fizemos foi em vão e que tudo aquilo em que acreditamos na verdade nunca existiu, é duro acordar sem um objectivo, é duro acordar sem um propósito, mas mais duro é nem sequer acordarmos, mais duro é passar noites e noites seguidas sem conseguir adormecer enquanto as lágrimas vencem toda a frieza que temos com nós próprios e que não conseguimos ter para com outros, duro é de manhã levantar um corpo já totalmente destruído ser-se capaz de esboçar um sorriso para evitar perguntas, perguntas que muitas vezes são apenas de curiosidade, perguntas que muitas vezes são feitas por quem nunca notou a nossa presença.
Talvez o mundo esteja ao contrário ou demasiado certo para pessoas tão erradas.
O cansaço domina-me e o sono vai surgindo, no entanto não consigo adormecer, talvez pense demais, talvez seja esse o grande problema, penso em quem nunca perdeu um segundo a pensar em mim, amo que nunca amou, preocupo-me com quem nunca se preocupou... no fundo ponho na minha vida todos aqueles que nem sequer ponderaram deixar-me fazer parte da sua.
Hoje com uns traços rabiscados e um pouco sem jeito escrevo, enquanto me vou afastando á procura de um sorriso sincero, de um amor verdadeiro, no fundo á procura daqueles que como eu ainda se lembram de amar ou se esquecem de não o fazer, procuro aqueles que procuram o sentimento mesmo que seja doloroso. Afinal, o sofrimento é o sentimento mais puro e mais sincero, por algum motivo que ama sofre...»




domingo, 8 de fevereiro de 2015

Encontrei-me perdida em ti

«Ás vezes pergunto-me porque tenho de estar sempre bem, porque tenho eu, sempre de sorrir.
Não me pode apenas apetecer ficar calada, sem soltar uma unica palavra, não me pode apetecer chorar mesmo sem qualquer motivo?
Na verdade sinto-me vazia, sinto-me perdida, não sei por onde ir, com quem ir, quem eu sou... ou talvez saiba... não sei...
Quero dizer tanta coisa e ao mesmo tempo estar calada... no meio de tantas incertezas já não sei o que é certo. Será isso possível?
Não sei se faço "isto" ou "aquilo" não sei quem sou, não sei se sou aquela pessoa que á noite abraça a almofada e chora, chora porque não fez, não faz, nem fará, não sei se serei aquela pessoa que sonha, porque não me lembro de sonhar. 
Ás vezes não existe só aquela vontade de deixar uma palavra pendurada, ás vezes existe a vontade deixar de escrever.
Não sei para quem escrevo, talvez escreva para mim, porque as palavras escritas jamais poderão ser sentidas da mesma forma por pessoas diferentes.
O frio congela-me as mãos, faz-me doer os dedos, faz-me perder a força para fazer aquilo que me mantém viva, mas eu não deixo esse sofrimento vencer, deixo apenas aquele sofrimento causado pela dor de escrever, será que vivo pelo sofrimento ou por cada palavra que escrevo?
As respostas que nunca encontrei ficam perdidas pelo caminho, não sei se preciso delas para sorrir, para saber quem sou, para acabar com cada gota de sangue derramada por mim, borrando palavras, palavras tão puras que leva a que ninguém perceba os sentimentos escondidos atrás delas, na verdade não estão escondidos, estão ao alcance de todos, porém muitos só vêm aquilo que querem ver, muitos só entendem aquilo que querem entender, porque muitos não aceitam aquilo que são.
Passo após passo, não sei para onde vou. Por enquanto não procuro respostas, procuro um porto-de-abrigo, um abraço, um beijo, procuro um sitio no meio dos teus braços, que me envolva, que me aqueça, que me proteja, procuro a sinceridade de um beijo que não houve nem foi sentido, procuro um amor que morreu mesmo antes de nascer, procuro por ti, procuro por alguém que tanto significou para mim mas que no entanto nada signifiquei, procuro por um lugar ao teu lado.
Sei que um dia tu irás partir, se já não o tiveres feito, e as únicas coisas que de ti irão sobrar, serão o teu perfume, o teu sorriso, depois de partires sobrará apenas o sentimento que despertas-te em mim e as respostas que ficaram desaparecidas quando tu apareceste, quando tu partires, nem eu restarei, pois no meio de tantas incertezas, a unica certeza que ficará, será uma rapariga que se encontrou á procura de quem a fez perder-se, quem a fez perder-se á procura da felicidade que só consegui encontrar enquanto estava perdida, perdida naquele sorriso, naquele olhar, naquele perfume, que só conseguiu encontrar-se quando estava perdida ao encontrar-se nele, que só me consegui encontrar quando te encontrei e em ti me perdi...»











segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Uma desculpa pela culpa de amar

«Não sei por onde começar, o que escrever ou que palavras usar.
Houve tantas palavras entre nós como momentos de silêncio, palavras que fizeram rir e momentos de silêncio que deixaram saudade onde se impõe o medo, medo de que um dia descubra que nada disto aconteceu, que tudo isto, que nós definimos como realidade, não exista ou pura e simplesmente não o seja.
O meu medo não se trata daquilo que é ou não a realidade, o meu medo trata-se de te perder, os nossos momentos, as nossas brincadeiras, a nossa confiança, a nossa cumplicidade, as nossas palavras.
«E se tudo isto acabar, o que será de mim?»
Eu tal como tu não sei o meu propósito aqui, porém, entre as nossas conversas acredito que sejas tu.
Disseste que a preocupação era uma desculpa  que todos nós usamos para nos sentirmos mal. É assim que me sinto mal, porém não é uma desculpa, é a realidade, pelo menos aquela que a definimos como tal.
Acredito que a preocupação faz parte, quando amamos verdadeiramente alguém ao ponto de não deixarmos que os nossos sentimentos e emoções sejam manipulados. Entre tantas palavras que dissemos um ao outro é isso que sinto.
Talvez esta seja uma desculpa á qual todos nós recorremos, talvez seja a desculpa me que mantém viva, com o propósito de certificar-me de estarás sempre bem.
Exato talvez, tenhas um pouco de razão, talvez toda a preocupação seja uma desculpa, uma desculpa pela culpa de amar.
Agora talvez me deva perguntar o que é amar e o que realmente a culpa...»

Porque de uma forma ou de outra eu amava-te

«Há dias que não me apetece fazer nada, nem ouvir, nem sorrir, nem ver, nem sentir... Seria deste modo possível eu viver? O que é que é afinal viver? O que é a vida?
Não é só a minha dor, não é só a tua, não é só a nossa.
Somos tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes, falamos da mesma coisa ao mesmo tempo que falamos de coisas completamente diferentes. Poderá isto ter algum significado? Eu sei que sim, eu acredito, afinal temos de em algo para que no fim algo faça sentido, para que no fim alguma coisa valha a pena.
Talvez estejamos presos á rotina, mas eu sei que nós ainda não desistimos de nos libertar, haveria outra razão pela qual ainda rimos juntos, que damos as mãos e inevitavelmente cuidamos um do outro? Eu não sei, tu não sabes, ninguém sabe, porém só nós sabemos, reconhecemos que todos vivem obcecados por algo esquecendo-se de viver. Onde ficam os sentimentos?
Passaram-se conversas e meias palavras. Nós conhecemo-nos, agora não existem meias palavras, meios termos, existe um tudo ou nada, um sim ou não, porque nós não somos ou isto ou aquilo, nós somos quem somos. No entanto «todos mentem ou têm algo a esconder» eu não sou excepção, tu também não.
Por mais mais absurdo que seja, pois tudo isto pode não passar de um mentira, eu confio em ti, porque embora existam mentiras, existe uma verdade, uma verdade em comum, eu fujo e tu escondes, mas ambos sentimos, sentimos que nos tiraram os tapete que estávamos a pisar e agora procuramos uma razão pela qual viver. 
Já sei nada que me possam tirar tropecei nas nossas palavras. Que valor elas terão afinal? Talvez mais do que algum dia pudesse ter imaginado. Hoje agarro-me a elas com a promessa de que olharei sempre por ti, com o sonho de te fazer te fazer alguém feliz, com um desejo de um abraço longo e demorado, para que no fim algo faça sentido, para que no fim alguma coisa valha a pena, para que no fim eu possa dizer:
-Dei-te tudo, mesmo aquilo que nunca tive, porque de uma forma ou de outra eras tu quem davas sentido á minha vida, porque de uma forma ou de outra eu amava-te  e nunca iria ficar contigo...»

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Não me lembro do que escrevi ontem...

«Talvez não me lembre do que escrevi ontem, talvez já nem me lembre de quem sou, mas a fraca memória, a memória, que me faz egoisticamente existir e que não me deixa alimentar de lembranças, obriga-me a procurar um caminho ou uma resposta a algo que não me consigo lembrar.
Então ando por aí e enquanto isso descobro os prazeres da vida.
Observo as ondas a bater duramente nas rochas, como se estivessem a castigar pela sua própria natureza, saboreio o café bem quente quando olho pela janela e consigo quase sentir cada gota da chuva deslizar pela minha pele.
Tão pura a minha imaginação como a vontade daqueles que quem de longe sabe o que é viver. Talvez conheçam o mundo e quem sabe até conheçam tudo sobre eles, no entanto toda essa sabedoria e o desejo de saber mais sobre tudo tirou-lhes a vida e nem isso perceberam.
Quem saboreia um café? Quem beija na chuva? Quem anda de mãos dadas enquanto o sol se reflete na sua pele? Quem lê repetidamente a mesma página de um livro para a viver mais uma vez? Quem faz tudo isto para sentir em vez de o fazerem porque acham que o devem fazer?
Talvez as pessoas não devessem ter memória, pois isso é só uma forma de os levar a uma rotina que os vai destruindo lentamente aos poucos até que nada sobre.
Eu não tenho memória e o que sei hoje não saberei amanhã, mas uma coisa é certa, um dia todos partiremos, no entanto existirá uma grande diferença entre aqueles que realmente estiveram a viver e aqueles que pensavam estar a viver, uns  deixam saudade e corações cheios, já dos outros sobrará apenas uma tentativa de deixar todo o conhecimento que por muitos será para sempre esquecido...»

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Segredo

«Todos temos um segredo. Eu, tu, todos temos.
Não sei porque temos segredos, embora eu também os tenha.
Um segredo não poderá significar esconder algo sobre nós? Porque o fazemos? Teremos assim tanta vergonha de nós próprios? Acredito ou pelo menos tento acreditar que o motivo de haverem tantos segredos seja essa. Talvez seja só uma forma de nos protegermos, de quem? De que ainda mais segredos tem.
Eu acredito que ter um segredo que ter segredos não faz mal, porém será justo que os nossos sentimentos sejam um segredo?
A vida é feita de sentimentos, como podemos nós viver se nos limitarmos a esconde-los de todos e trancá-los dentro de uma gaveta? Deixariam eles de existir?
Dessa forma deixaríamos de viver, não passaríamos de meros corpos que não sentiriam o cheiro da terra e da relva molhada, meros corpos que não sentiriam o prazer dos raios de sol refletidos na pele ou as pequenas gotas da chuva a deslizar pelo seu rosto depois de ter encharcado o cabelo, meros corpos que jamais sentir sentirão o prazer ao desfolhar as folhas de um livro. Mas  pior que tudo isto, serão meros corpos que nunca descobrirão as saudades que um perfume pode deixar, nem o conforto de um abraço, a doçura de um beijo e o amor que alguém pode sentir por si.
Talvez sejam apenas medos, medo das saudades, das velhas feridas ou medo de que um dia tudo aquilo em que acreditámos não passe de uma memória.
Sei que há más lembranças, mas tal como estas também sei que existem outras tantas boas, da mesma forma que sei que sempre haverão segredos, e quanto a isto nada se poderá fazer.
Só me resta guardar todas estas palavras numa gaveta e quem sabe, um dia, se não me recordarei delas como hoje, quem sabe se para além de a chuva disfarçar todas as lágrimas que escorregam pelo rosto, não disfarçarão também as palavras, com um pouco de sorte o tempo leva-as e chuva apaga-as, bem como todas as tristezas, todas as memórias, todos os sentimentos...»

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Não sei qual é o meu futuro, mas sei qual é o meu presente

«Hoje apeteceu-escrever, escrever com erros, com imperfeições, tal como eu sou, imperfeita.
Tenho saudades de escrever como escrevia, mas sobretudo tenho saudades de quem o fazia,a pessoa que hoje já não sou, aquela pessoa que não sabia ainda o que era o amor e a palavra amar não passava disso, uma palavra.
Por isso hoje escrevo, escrevo de uma forma diferente, uma forma carregada de dor, de sofrimento, uma escrita cheia de duvidas, porém, cheia de amor.
Chega de palavras caras, chega de meias palavras e de meios termos, o amor não se compra nem se vende, o amor não é uma medida nem é medível. O amor é mais do que é, o amor também é sofrimento.
Eu não quero um grande amor, eu quero um amor real, um amor verdadeiro, quero uma chávena de café quente num dia chuvoso que é iluminado pela luz do lume da lareira e enquanto isso, um abraço apertado, um porto de abrigo para me refugiar quando não sei para onde fugir, mas quero os teus braços a abraçarem-me sobre o teu corpo, não interessa onde nem quando, só interessa aquilo que somos, e nós somos isso, um «Nós», um «Tudo».
Não tenho certezas de nada, como o disse já tantas outras vezes, talvez deva ignorá-las, se o vou fazer? Sei que, pelo menos, vou tentar.
Por enquanto, sei que quero que este sentimento permaneça, pelo menos enquanto superar toda a dor e todos o sofrimento, que inevitavelmente chega a todos e nos destrói lentamente.
Sei que o amor é capaz de tudo, inclusive de nos deixar perdidos, mas é assim que eu quero estar, quem sabe se não me irei deparar num caminho que me leve ás respostas que preciso, quem sabe se, um dia sem me aperceber, te esqueço.
Não sei o meu futuro, mas sei que o que o meu presente é sonhar contigo...»

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Talvez

«Sei por onde vou, mas não quero ir.
As mesmas palavras, os mesmos caminhos, os mesmos erros, os mesmos sentimentos, os mesmos sonhos, tu.
Acordo e olho para o relógio, mas não quero ver as horas nem tão pouco acordar, quero dormir. Quero dormir e sentir por uns instantes que tudo é verdade, que tudo é real, que eu não sou apenas eu e tu não és apenas tu, mas sim, que sejamos um «Nós». 
Não interessa onde, nem quando. O tempo pode apenas ficar parado, enquanto eu sonho, ou simplesmente te olho, não sei se conseguiria segurar as lágrimas. Tudo é o mesmo, pelo menos quase tudo... a dor é maior, o amor é maior, aos meus olhos és cada vez maior e aos teus, não sou nada.
Não procuro um amor, não procuro um consolo ou um porto de abrigo. O que procuro? Não sei, talvez ainda te procure, mesmo quando digo que vou desistir, talvez ainda te queira encontrar, mesmo quando digo que já desisti.
Sei o que sinto, e o meu hoje foi o meu ontem, foi o meu anteontem, foram os meus últimos cinco anos.
Não sei como é que tudo mudou e este sentimento continua igual. 
Não sei o que sou… não sei o que quero, e muito menos sei onde estou.
Quando me perguntam quem sou, sou alguém, sou apenas eu, não consigo ser só isto ou só aquilo, só consigo ser eu, com palavras por dizer, com medos por vencer, sou apenas eu, alguém que usa as suas inseguranças com uma arma para lutar, alguém sonhadora, alguém sem fim.
Talvez não saibas quem eu sou, tal como eu não sei, ou talvez eu não seja eu, talvez eu não exista, pelo menos para ti, talvez deva fazer aquilo que já tentei inúmeras vezes, desistir de ti, desistir de um nós, quem sabe,  até desistir de mim.
Talvez, não deva procurar respostas, talvez as deva encontrar, talvez deva encontrar certezas e deixar para trás todos os «Talvez» e quem sabe, em cada historia pôr um ponto...»